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São Luís do Paraitinga, 5 de agosto de 1872 — Petrópolis, 11 de fevereiro de 1917


Em todo o mundo existem personalidades que se destacam graças a iniciativas que, embora geradoras de crises muitas vezes políticas, trazem enormes benefícios para a saúde da população. É o caso de Oswaldo Gonçalves Cruz, nascido em São Luiz do Paraitinga em 05/08/1872.

A ciência médica ainda esperava muito da sua capacidade de pesquisa e aplicação quando faleceu, no Rio de Janeiro, aos 45 anos. Apesar disso, sua ação no campo da pesquisa científica conseguiu criar uma nova escola, da qual fizeram parte Adolfo Lutz, Vital Brasil e Carlos Chagas, além de outros eminentes cientistas.

Mas, afinal, o que fez o Dr. Oswaldo Cruz para situar-se em posição de destaque na área de pesquisas?

Concluído o curso médico a 24 de dezembro de 1892, então com apenas 20 anos, sustentando a tese “Da veiculação microbiana pelas águas”, em 1896 seguiu para a França a fim de aperfeiçoar seus conhecimentos, sobretudo em bacteriologia. Em 1899 retornou ao Brasil, seguindo para Santos (SP) para estudar a epidemia de Peste Bubônica surgida ali, e que ameaçava também o Rio de Janeiro.

O Instituto Soroterápico criado na Fazenda Manguinhos solicitara dos eminentes bacteriologistas franceses Émile Roux e outros a indicação de um renomado bacteriologista para ocupar-se de sua parte técnica. Émile Roux indicou, de imediato, Oswaldo Cruz. Este, em 1903, assumia o cargo de Diretor Geral da Saúde Pública, com a difícil tarefa, entre outras, de erradicar a febre amarela da Capital Federal, o Rio de Janeiro. Iniciou rigoroso programa de combate à moléstia, com o isolamento de doentes, vacinação obrigatória e campanhas para eliminar os focos do mosquito.

A campanha, porém, sofreu cerrada oposição de parte dos positivistas, de políticos e de vários jornais cariocas, que publicavam editoriais ridicularizando e atacando o sanitarista através de caricaturas sobre sua brigada de “mata-mosquitos”.

Em 14 de novembro de 1904 eclodiu a rebelião da Escola Militar (o movimento “quebra-lampião”, que quase depôs o governo de Rodrigues Alves), tendo sido subjugada pelo comandante da guarnição federal, general Hermes da Fonseca, futuro presidente da República. Oswaldo Cruz não cedeu em momento algum e, graças às suas medidas, registraram-se apenas 39 casos de febre amarela no RJ em 1906, quatro casos em 1907 e nenhum caso em 1908. As medidas profiláticas acabaram também com as epidemias de peste bubônica e varíola. Paralelamente, executou uma profunda reforma no código sanitário e, ao mesmo tempo, remodelou todos os órgãos de saúde, com grandes benefícios para a higiene e a economia do país, visto que na época das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro.

Oswaldo Cruz compareceu ao XIV Congresso Internacional de Higiene e Demografia (1907-Berlim, Alemanha), onde expôs vasto material mostrando as atividades da saúde pública e do Instituto Manguinhos. Ganhou o primeiro prêmio, entre 123 expositores. Deixou a direção da Saúde Pública em 1909, mas participou de várias campanhas sanitárias por todo Brasil, como o plano de saneamento do vale do Amazonas e o saneamento da cidade de Belém (PA), além de ter representado o Brasil em Congressos realizados na Alemanha, México e Uruguai.

Em 1916, muito doente, foi nomeado prefeito de Petrópolis (RJ), mas renunciou no ano seguinte, quando faleceu.

Por devermos tanto a este grande sanitarista é que precisamos preservar sua memória.

CURIOSIDADE: No Brasil, foi realizado um filme sobre Oswaldo Cruz, “Sonhos Tropicais” (2001) de André Sturm. Quem interpretou o sanitarista foi Bruno Giordano.

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