Com base em modelos mais racionais de investigação laboratorial da hemostasia, a triagem de distúrbios hemorrágicos é adequadamente acessada utilizando-se os seguintes testes:
- Tempo de Protrombina (TP): avalia a via extrínseca da coagulação, prolongando-se nas deficiências seletivas ou conjuntas dos fatores II, V, VII e X.
- Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada (TTPa): avalia a via intrínseca, alterando-se nas deficiências dos fatores XII, XI, IX ou VIII.
- Contagem de Plaquetas: avalia a hemostasia primária.
Estas três análises devem ser aliadas à anamnese clínica dirigida para sintomas hemorrágicos, na avaliação de distúrbios da coagulação.
Os exames de “Tempo de Coagulação (TC)”, “Retração do Coágulo”, “Prova do Laço” e, em especial, o “Tempo de Sangramento (TS)” possuem baixo valor preditivo, e sua realização deve ser restrita à investigação complementar em casos específicos, geralmente conduzidos por Hematologistas. Estes testes não são capazes de predizer com sensibilidade e/ou especificidade satisfatórias a ocorrência de eventos hemorrágicos trans ou pós-operatórios, e portanto, não devem ser utilizados com esta finalidade.
Com relação ao Teste de Sangramento, convém ressaltarmos que o mesmo deve ser realizado pelo método de IVY MODIFICADO (incisão em face anterior de antebraço, utilizando dispositivo Template, e aplicação simultânea de pressão contínua com esfigmomanometro). Tal técnica, apesar de mais padronizada e reprodutível, pode ocasionar como seqüela uma cicatriz de pele. Atualmente, ainda utiliza-se com freqüência a técnica de DUKE (punção capilar em lóbulo de orelha), pela dificuldade de aquisição do dispositivo Template no mercado brasileiro.
Os testes de TS, TC, Retração do Coágulo e Prova do Laço permanecerão sendo realizados por este laboratório, sob demanda específica (quando discriminados no Pedido Médico, ao invés do termo “coagulograma”).
Incluímos abaixo algumas referências de bibliografia científica sobre o tema:
1- Lippi G, Favalaro EJ, et al. Milestones and perspectives in coagulation and hemostasis. Seminars in Thrombosis and Hemostasis v35 (1) 9-21; 2009.
2- Munro J, Booth A, et al. Routine preoperative testing: a systematic review of evidence. Health Technology Assessment v1 (12); 1997.
3- Moerloose P. Laboratory Evaluation of Hemostasis Before Cardiac Operations. Annals of Thoracic Surgery v62 1921-1925; 1996.
4- Michelson AD, Frenlinger AL, et al. Current opinions in platelet function testing. Americcan Journal of Cardiology v98 (suppl) 4N-10N; 2006.
5- Manual de Diagnóstico Laboratorial das Coagulopatias Hereditárias e Plaquetopatias. Ministério da Saúde. Item 9.1.4.1 (pág.29); Novembro/2010.
6- Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI). Performance of the Bleeding Time Test; Approved Guideline-Second Edition-H45-A2; 2005.